ámame otra vez si te atreves

7.4.23

ámame otra vez si te atreves

𓂸

𓏏𓅱𓇋𓇋 𓂋 𓂋𓏏𓅱𓏭𓇯 𓊠𓂝𓅱𓂡𓀀 𓏶𓅱𓏪 𓇶𓅱𓀭

𓆱o revir do torvelim, reverie𓆱

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

boralá cortar um pouco com essa de solidão-da solidão-de ter solidão-do quando aqueles com os quais cê sola só lhe dão no rabo

bora florescer esses genitais, cê tem mais de vinte anos

sai da internet, me devolve esse sábado

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

ah sim, sim, também fui

dos doze aos vinte-dois

mas agora eu só lembro

quando o forte das falanges

enterra fundo o fio na gengiva

com o ferro escorrendo sal

vem o frango vem o molho

sabor do que já era sendo mal

e nunca nada novo sob o sol

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

que só lembrei dele

vendo nos morros e

murros por onde vim

marcas da violência

dos seus manuseios

os pesados boatos

do passado ignorado

nas notas de repúdio

pra depois ser a mim

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

e assumo estar desapoderado (eu, com doze anos) diante do desejo de que more em mim como a eloquência nos ávidos porcos, podres na língua, poetas paupérrimos de rimas, como uma falta de catupiry na esfirra da vida, como vive ocê vociferando coisas desconexas, como se fosse a vítima aqui, yurugu, como se pudesse se livrar da materialidade dos roxos-marrons de giz na minha pele parda, papel barato em um rolo institucional, da fisicalidade das fotos digitais que me mandaram, d’outros e d’outras doutas criaturas que creram ter em si a resposta pra algo que nem um mundo de de-prontos manejara em mudar, a ira habita teu corpo como mora a morte nos pulsares negativos da casualidade da vida, a morte não me pegará de cara, eu tirei com ela, eu gravei e fiz pegadinha da cara dela, eu gravei essa prank e postei nos sites, eu mamei ela seca e coagida naquele aspecto farelento que ferrão de fumante costuma ter, e olha no que deu

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

e agora que toda vez que eu olho pro seu eu lembro do do Rasputin?

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

meu muso de calombos de carne e veias e pau, pseudo-soberano, brincando de casinha das grandes, sobrando em camisinhas e sofrendo, supersônica a silhueta do seu soco, ainda te destrono (eu, com vinte-dois), por enquanto aproveito meus próprios momentos messiânicos fera-afora rapinando na minha própria estratosfera de carnificina, cê já viu aquele artefato do falcão de pica dura? eu, meu pleno planeta da mente, meu bem, eu sou a terra, eu sou a bruma, eu sou o peso da pedra, eu sou a brisa leve, eu sou o céu, eu sou o solo, sou todo assopro de vento varrendo todo esse chão, meu crânio a crosta do mundo, o sangue-magma fervente, brilhante, espuma, ocê meteoro se metendo em mim, devastando a visão de vida sobre a minha superfície, não-extinção mas extinguindo, um corpo estranho, um Macrômegas perdido pelos seus saltos entre as microgravidades das muito graves coisas que fez, um tronco tão soberbo de néctar que quase nem percebo os metais e as correntes e os grilhões e os arebescos e o barroco, sim, agora vejo, sim, segura entre as pernas o tubo do caleidoscópio, giro de desejo, imagino visões, falo aquela palavra, vingo, resisto, resto onde não há nada mais senão as cinzas caindo das queimadas de cana-de-açúcar, de aroma musicado pela foda entre Marte e Apolo, pra logo-logo, logo a mim, mal-lograda instância, que apesar de sábio aedo e grande griot sou a pior pessoa possível pra trovar essa merdaria toda, parvo pro prazer, ou pretendem achar, de sede inocente; a moralidade nas suas promessas de menàge com a sua mina, a culpa sendo o cuck que me cospe no cu pra me deixar melado esperando pel’ocê

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

e os jenipapeiros

não choram

mais jamais

conto com isso

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

mói no meu meio

passional pisoteio

derrete de cima

sede dulcíssima

lhor

tão

que fique por-baixo já vi nas marcas

curvas dum corpo fendidas à muita-dor

pelo derradeiro repouso nas almofadas dos lábios

na palavra e no suor da ordem clara do não

cavalo dado não se olham os genes

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

não, não, chega de ser Basquiat lamentando Warhol

nunca mais eu nessa nunca mais eu no algodoeiro

e mais ainda me prometo nunca mais entre coelhos

chega, já deu, já era, de Jimi Hendrix já bastam dois

e o meu dá dois baseado no plaster

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

𓂸

𓃹𓈖 𓉿𓈖𓆑 𓇼𓄿𓏏𓉐 𓇋𓋴 𓁹𓊨𓊹 𓋹𓈖𓐍𓆑𓈖𓐍𓈖𓇓𓀼

𓆱o torque turquoise do toque𓆱

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

segura ainda bateria minha

nenhum porcento é baixo demais

já que vou ouvindo Juçara Marçal

pra lançar umas verdades

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

anda rolando por aqui muito afeto ansioso

é o que vou vendo eu não quero dengo

recuso a tecnologia não escuso se tenho

só quero seu corpo em carne

desnudado de pretensas

presente, vascular, distenso

prazer sem volição de vício

irreceptível à sucessão da volta

ignorando todo possível retorno

casual, como a asa, como vento

desencavalado com toda calma

galopando como quem parte

estabanado como um pássaro

a quem a natureza é o voo

mas tem no chão o trabalho

muito fácil que enjoo, aí R&B

mesmo que tenha sido difícil

chegar onde chegamos, Arte

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

amei cada momento enquant’eu morria

la petite mort petite more la mort, apetite

em que meu corpo inerte e irresponsivo

não fosse mais por ti teu solo responsável

amei cada oratória fúnebre sua e te pedi

no retido do meu cadáver frio e acossado

ó só pega as roupas jogadas

não aposse com seus tecidos

a sacralidade do meu chão

assentamento onde te sinto

e jogue as chaves na saída

o molho cai molhando-fronha

mas a liquidez moderna é lavável

ainda bem, na minha máquina

com a última parcela pendurada

e o sabão amarelo que coagula

porque é da marca mais barata

não demora iàzinha

também te liga pra dar uma

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

sem padrão de nidificação

arara rebelde e erradica

que habite o oco de mim

até o despejo da prole

que é só metáfora

não, não vai nascer

falsa-democracia nenhuma

desse buraco, nem verdadeira

nem nenhuma, nem deveria

nem tradição alguma nem nada

fica tranquilo, má-poesia, se-pá,

má-poesia, que se-pá eu creio

vou crendo, é o último magismo

é só que eu não espero nada de nadie

e do-nada, sobre o nada, cê é prolífico

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

nada

e o que eu posso fazer

pra te ajudar

é mais ou menos isso

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

não demora e iàzinha também te liga pra te dar um esporro da porra porque segundo ela cê não tá na condição de oferecer nada além de umazinha porque cê alheio porque cê de esgueio por todas as frestas das festas que ela tenta te arrastar pra te apresentar pros amigos dela fraqueados da UF** e da U*** e da *** e cê vem chorar pro meu lado o peso de alguma-coisa-que-a-militância-fraquinha-postou-esses-dias-sobre-objetificação e eu entre toalhas e empatia porque eu lembro quando eu tava começando e eu entre te oferecer drinks e regalias como se não tivéssemos sido ambos feitos do mais obeliscamente objeto-dos-materiais aquele dia na minha cama antes e depois do expediente que expedia o que havia de mais puro da materialidade, eu entre meu reticente e postergado culto a Ausar como se não tivéssemos que tratar com a mesmíssima objetividade de objeto-coisa que às chaves e à carteira e ao celular essa massa também-no-bolso que nos surge em público toda vez que nos vemos como os seres abjetos e reptilianos que somos e eu entre sono e fome e Sobek tentando te explicar que a sua policonsciência sim passa pelo meio das suas pernas embora seu trauma racial seja só ser isso, sem pensar a quem, sem associar as coisas, sem dar meia-chance pro óbvio, me culpando, também, como se a questão fosse essa

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

não demora e iàzinha também te liga pra chorar pro seu lado as querelas dela e as necessidades dela que perpassam pela humanidade que cê tanto queria mas essa humanidade é de cuida e é serviçal e é também bem necessitada porque ela chora pela sua capacidade de ser por dois do mesmo jeito que cê chorou pra mim pela minha capacidade de ser de nós dois o mais sagaz e me transpassando nisso e não do jeito que eu gostaria-que e não demora pra eu perceber que sou o único mais perto do seu tom com quem cê flerta e isso é ruim e isso diz e a verdade disso enquanto palavra vou guardando lacrado no meu seio mãe-de-pérola esse sabor-de-areia como se minha língua não fosse só músculo, se eu te falar o que eu acho cê nunca mais me chama e em algum lugar em mim eu posso conceber sem ego que é pior pr’ocê se for assim, e não demora pra eu me resguardar na tranquilidade de que não tô passando isso pra frente porque não choro pro lado de ninguém nem tenho vontade de chorar nem sinto falta duma fragilidade qualquer que seja porque não posso negar que n’ocê é nessa sua fragilidade-forçada de novos-guerreiros do sagrado-feminino que te pegam e eu que a vida toda fui feminino embora não-sagrado frago de longe a deturpação por trás da coisa toda, e esse grânulo perolado se chora por mim mas não senão por aqui ó e por meio disso e tô bem tranquilo quanto-a-isso tão tranquilo inclusive que nasce na minha língua e morre nos meus dentes que todo o pergunta-e-resposta específico dessa coisa toda tá n’ocê atendendo ela toda vez que ela dá linha, vai lá, vai, comprar cristais, enquanto isso eu procuro e não consigo achar o doutor Umar

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

quando comigo cê me pergunta coisas que já sabe pra não ter que saber, quando comigo cê se percebe no desigual e no acuado e é nessa percepção que cê sofre mais e é em mim que cê dispõe a culpa, mas não tem porquê, logo cê volta pr’aquela casa e pr’aquele quarto, e o ouro que eu não preciso mais esconder vai de novo parar dentro de santo, quando comigo cê pra-sempre presente e frágil, cê pra-sempre emotivo e itifálico, mas não demora, logo cê logra de se odiar de novo num logos dessexualizado, e o caule de alface, pele adentro, só reamanhece quando eu tô por perto, mas quando comigo cê vive vicariamente das minhas próprias ereções e eu não posso deixar de teorizar que tem qualquer coisa disso sendo guardada pra depois, qualquer resquício, quando eu ficava puto quando cê dizia que eu não sei brincar, mas é que exú não brinca, a questão é que cê porta cruz achando que é ankh, e a diferença tá na cabeça, se é que me entende

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

quando em marcial ou noutro fresquinho que me mostra, porque sabe, no lépido sobre o coliseu, vejo cabeças mouras, cabeças mistas, gorros, chapéus, Kemet já-criôlo, já aguado, me garantindo que existiam seres como eu na história antiga

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

cê na sua pira

sou muito inteligente. olhe só o quanto

sou inteligente, não acredita que eu seja?

pra provar eu vou pensar pel’ocê

cê na sua pira

sou muito responsável. olhe só o quanto

sou responsável, não acredita que eu seja?

pra provar serei responsável pel’ocê

cê na sua pira

sou sujeit’umano ao qu’eu posso perceber

em mim sou pessoa sim no que eu tô vendo

do que eu faço no mundo como as civilizações

sim fizeram no mundo como as provas arqueoló-

gicas provam por a mais b menos c no que há de perma-

nente e cíclico e imperene das manifestações humanas-de-alma em to-

das as obras e em cada nariz rasgado dos seus buracos largos nas estátuas que é exata-

mente minha pira agora não não ou não ou não oh não não não então não sou ou não sei porque aqui e agora en-

tre nós que somos civilizados e abrimos debate depois que cê foi discutir o conceito-de-apropriação cultural no seu quarto quan-

do a verdade é que não me parece mais e já não me percebo na grandeza dos grandes que antes de mim eram grandes e fizeram grandezas que nem aliens fariam nem na tal gran-

deza potencial que me prometeram entre ‘pretinho cê é’ isso-e-isso nas threads melosas de gente que tá em falta tentando ajudar gente que tá em falta e nem mesmo na gran-

deza pessoal com a qual vim me acostumando ao longo de todos esses anos porque eu sou gigante eu sou incalculável eu sou opressivo mas nem dessa grandeza eu me lembro mais mas essa grandeza é ou era ainda a única coisa que me mantinha de pé porque sem isso eu não tenho nada

porque a verdade é que apesar das aparências é ocê quem me suga

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

𓂸

𓉐𓂋𓂻 𓅓 𓉔𓂋𓇳𓏤 𓂋𓁹𓏏 𓌻𓂋𓂋𓀁 𓎟𓏏

𓆱a rua onde os halos são as mãos estendidas dos raios𓆱

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

faz tempo venho pensando

em só pegar mulher agora

também es fora do binário

pra recomeçar bem do zero

e não começar em-branco

que tem coisa que pelo erro

a gente dá por encerrado

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

mas aí se eu puder levar alguma coisa pro pessoal

se eu puder internalizar igual tá na moda e no roteiro

e postar no feed do insta sob a guisa de psicologia

todo dia, é todo dia isso, todo dia o desespero

é que recebo muito mal essa parada de

ficar sendo a exceção de palmiteiro

todo dia sendo droga-de-entrada

eu sendo um tipo de primeiro

todos os dias sendo recheio

pra toda experiência lacunar

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

lendo as entrelinhas

labareda entre ligna

fico no comentário

Rā, Ȧtum, Kheperi

vendo o sol transmutar

linhas paralelas no cimento

peço por um bronze

mas sei no peso do talento

que tem coisa que pelo erro

a gente já dá por navegado

aí me chamam racializado

quando não querem ofender

racializado, assim, aduaneiro

no hiper-transitório, no lunar

no como-se-quase, como se

só porque eu quisesse, de favor

mestre-dos-magos, foco no quando

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

boralá três dedos a menos dessa de preterimento-do preterimento-de ter preterimento-da quando aqueles com o quem cê cola preferem-mesmo o mesmo que também ocê e cê nessa de ficar se lamentando sem insight

ah-nem, quanta lona sem mastro

não dá, quanto banzo sem lastro

é que ninguém achou mesmo

que seria bom-tom, ninguém

me avisar adiantado

o preço da paciência

que eu ia ter-que-ter

com preto e pardo

pra ser afrocentrado

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

conversinha de masculinidades me dá no saco

um cropped num ele/dele branco com tanquinho?

agora sim, revolucionário, posso dormir carregado

com certeza o que sobrou desse tecido tá embebido

em gasolina e isopor na boca dum gargalo

a versão preta disso não-muito longe ao menos acho.

mor do tempo nem acho nada, sei, só vou fazendo

onde cê tava olhando? pr’onde cê tem olhado?

que a gente tá tirando de crop top há décadas

e vem rasgando abdome desd’a pedra lascada

mas cê sabe, porque quando eu não tô down low

malemá se chama, cê não me chama no privado

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

𓂸

𓁷𓁶 𓇾 𓅔 𓋹𓅱𓏪

𓆱o largo e languescente rasgo na raquete de latão𓆱

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

o problema de reis e rainhas

é que tá rolando muita coroa

pra muito pouco trancista

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

excelência, meu degredo

de birra pago de imperfeito

de paciência, não a minha

aí vejo o engenho, a facécia

tô só fingindo, tô só de peça

mulei, malhei, morri

da pele, torresmo

da carne, carniça

dos órgãos, linguiça

dos ossos, farelo

e da estupidez das chances que te dei

do integracionismo, do aberto do corpo

e dos finos filamentos do micélio

das micro-tripas que me compõem

aqui desbeiçadas em debulha

das ligações de hidrogênio

desses elementos fibrosos

nasce mais um manual antirracista

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

dentro de casa, no conforto da sua cama

cê segredou com ela nossos segredos-de-Estado

e eu de-agregado me decidi na inventiva

de ter que te jucar de vista até Novembro ter acabado

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

e aqueles que não se-sabem dançar dançam porque deixamos

e aqueles que deixam são deixados porque incomoda ao abẹ̀bẹ̀

e não há culpa ou querela nos quereres, pelo no que vemos aqui

ouço Fela enquanto me leio que é pra me fechar e me fecho

cê já era, cê é invisível, cê tá mutado pra mim há tempos

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

mas é que persistem outros no processo

de ir se reencontrar com o mesmo

é só que o-que-é é o-que-já foi

e continua sendo, vai vendo

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

toda vez que eu olho pro seu eu lembro do do Tūtanḫāmen

ao menos internalizando isso fazemos disso internal affairs

ou pelo menos é essa a confissão que eu vou pesar na pena

só falando, cê não me lê, cê não me fraga, cê não me guia

sei-lá, é não dar mole pra kojak, são problemas de escriba

𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱𓆱

𓂸

2022 julho

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